Saudade de você
De algum lugar distante, ele pensa. Pensa que poderia
haver um teletransporte que o fizesse aparecer ao lado daquela menina. A
saudade que entra pela janela como uma brisa incômoda de uma primavera meio
gélida, se encontra com o seu rosto e faz piorar a sensação de que a alma
esfria. Falta um abraço. Aquele abraço.
Ainda assim, ele sorri. Sorri porque relembra de tudo que
foi vivido e consegue sentir, ainda que por um instante fugaz e maluco, a clara
sensação de que ouve a voz dela no seu ouvido. Sentado numa cadeira qualquer distante dela, ele ainda consegue se sentir perto.
Vai entender essa coisa de Amor.
Há quem diga que o Amor é sofredor, que ele suporta
coisas, passa por dificuldades, enfrenta tormentas. Ele, mesmo envolto a um
tanto de trabalho, se detém em pensamentos em relação a isso e atesta a vocação
heroica que o sentimentos dos dois exige. E que eles vem desempenhando com
sucesso.
Na pausa pro café, ele pensa mais. Quem anda preenchido
pela alegria de ter alguém, sempre se pega recordando por nada ou vendo motivo
em tudo. De algum lugar distante, ele pensa no segredo por detrás dos olhos, do
sorriso e das palavras disfarçadas de vontades.
Os braços formigam querendo abraçá-la.
Querendo que os dias passem como se fossem minutos, ele
volta ao trabalho. Queria mesmo era entender de engenharia, física e as leis do
espaço-tempo: desenvolveria o primeiro teletransporte e doaria a patente da
invenção aos apaixonados. Apaixonados que, assim como ele, sofrem pela
distância em que estão dos seus amores.
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